Mafra: Um Tesouro Catarinense
MAFRA
12/10/20247 min ler


Aninhada na fronteira norte de Santa Catarina, Mafra é um destino fascinante que entrelaça história e cultura. Sua localização estratégica, próxima ao Paraná e historicamente ligada a Rio Negro, confere-lhe uma identidade rica e multifacetada. As influências europeias, a beleza natural e a hospitalidade local são atrativos que convidam à exploração das histórias e encantos que tornam Mafra um lugar especial no sul do Brasil.
Raízes Históricas: Da Estrada da Mata ao Município de Mafra
A história de Mafra começa com os tropeiros que ligavam São Pedro do Sul a São Paulo, tornando a região uma importante rota de comércio. A Estrada da Mata, oficializada em 1732 por Cristóvão Pereira de Abreu e mais tarde reconhecida por D. João VI como Estrada Real e Estrada do Sertão, impulsionou o desenvolvimento local.
A colonização europeia iniciou-se em 1829 com a chegada de imigrantes alemães de Trier, que moldaram a identidade multicultural de Mafra. Inicialmente um bairro de Rio Negro e um potreiro para tropas, Mafra tinha uma estreita relação histórica com essa cidade.
Em 1851, a visita do Monge João Maria, em meio à Guerra do Contestado e a uma epidemia de varíola, resultou na construção de 19 cruzes como ato de fé. A única cruz remanescente, na Praça Hercílio Luz, simboliza a resiliência da comunidade. Esse episódio adicionou uma dimensão religiosa e cultural à história de Mafra.
A criação do município de Rio Negro em 1870 impulsionou o crescimento da região com a chegada de mais imigrantes europeus, incluindo alemães, poloneses, italianos, bucovinos, tchecos e ucranianos, que contribuíram para a formação de um rico mosaico cultural.
O nome Mafra homenageia Manoel da Silva Mafra, jurista que defendeu os interesses de Santa Catarina nas questões de limites com o Paraná. A disputa territorial, intensificada em 1896 com a região do Contestado, e a inauguração da Ponte Metálica em 22 de novembro de 1896, ligando as comunidades, marcaram esse período.
Em 1912, iniciou-se a construção da estrada de ferro ligando Mafra a Porto União. Após disputas territoriais, os governadores de Santa Catarina e Paraná se reuniram em 1917, e a lei catarinense nº 1.147 restaurou o município de Mafra em 25 de agosto de 1917. Em 8 de setembro de 1917, Mafra foi instalado na margem esquerda do Rio Negro, concretizando sua autonomia.
A região de Mafra, rica em reservas florestais, teve nessa atividade a principal fonte de renda dos primeiros colonos. Atualmente, Mafra é um polo do Planalto Norte Catarinense e participou de eventos como a Guerra dos Farrapos, a Revolução Federalista e a Segunda Guerra Mundial. A cidade também vivenciou a perda do território que hoje forma Itaiópolis, e o transporte fluvial no rio Negro teve um papel importante em sua história, assim como a construção das rodovias BR 116 e BR 280 e a Revolução de 1930.
Demografia Mafrense: Um Retrato da População Atual
O censo de 2022 registrou 55.286 habitantes em Mafra, com estimativa de 57.023 para 2024. A população cresceu constantemente nas últimas décadas, com 52.654 habitantes em 2010 e 49.940 em 2000. Em 2022, a densidade demográfica era de 39,38 habitantes por quilômetro quadrado, indicando uma distribuição populacional dispersa, possivelmente refletindo a importância das atividades agrícolas e rurais. A média de moradores por domicílio é de 3,2 habitantes.
Cultura Viva: Festas, Artes, Culinária e Costumes Locais
A cultura de Mafra se manifesta em festas tradicionais como o Festival Folclórico, que celebra as culturas alemã, ucraniana, italiana, portuguesa, japonesa, polonesa, sírio-libanesa, luxemburguesa e indígena. Outros eventos incluem o Concurso Realeza, o Festival de Bolos e Tortas Regionais, o Mafra + Natal, o Mafra Fest e o Festival da Primavera. O II Festival de Inverno de Mafra apresentou pratos típicos e shows de bandas locais e regionais.
As manifestações artísticas em Mafra são apoiadas pelo Cadastro de Artistas Locais e pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais. A Feira de Artesanato expõe peças únicas que refletem a diversidade cultural de Mafra, como itens em madeira, utensílios em estilo lambrequim, artigos decorativos em lã de ovelha e bordados. Grupos folclóricos como o Alemão Bucovino “Boarischer Wind” e o Ucraniano Vesná preservam as tradições através da dança e da música.
A culinária típica de Mafra apresenta uma mistura de influências, como entrevero, paçoca de pinhão, canjica, galeto ao primo canto, massas, sopas, carnes assadas e doces. O Festival de Bolos e Tortas Regionais destaca a importância da confeitaria local, que funde sabores tradicionais do sul do Brasil com contribuições culinárias de imigrantes.
Os costumes locais de Mafra, apresentados na Feira de Artesanato e explorados no livro "Memórias e Sentimentos", incluem histórias de assombrações, bolas de fogo, o Boi-ta-tá e lobisomens, combinando crenças indígenas e europeias.
A Chegada dos Imigrantes: Formação e Influência na Identidade de Mafra
A colonização de Mafra foi predominantemente europeia, mas também recebeu imigrantes africanos, ameríndios, asiáticos e do Oriente Médio. Os alemães de Trier foram os primeiros a chegar, em 1829. Essa diversidade moldou a identidade multicultural de Mafra.
Os alemães, incluindo os bucovinos de origem germânica da Baviera, influenciaram a agricultura, a pecuária, a exploração madeireira, os costumes e o dialeto bávaro. Os grupos folclóricos Trier e Bucovino “Boarischer Wind” preservam suas tradições. Poloneses, italianos, ucranianos e bucovinos também contribuíram para a formação da cidade, assim como portugueses, tchecos, japoneses, sírio-libaneses e indígenas. Essa variedade resultou em uma rica cultura, evidente nas festas, nas manifestações artísticas, na culinária e nos costumes locais, com diversos grupos folclóricos dedicados a etnias específicas.
Economia Local: As Fontes de Renda de Mafra
Em 2021, Mafra alcançou a 28ª posição no retorno do ICMS em Santa Catarina e liderou na região da Amplanorte, gerando mais de R$ 2,1 bilhões em riqueza. Em 2023, a receita bruta total foi de R$ 309.598.391,54, e a despesa bruta empenhada totalizou R$ 292.726.945,80. O PIB per capita em 2021 foi de R$ 43.817,87. Mafra se destaca pela regularidade das vendas e pelo potencial de consumo, indicando uma economia local forte e em crescimento.
A agricultura é um pilar da economia de Mafra, ocupando a 4ª posição no estado em 2021, com destaque para a produção de grãos e a criação de animais. A extensa área agrícola torna Mafra atrativa para investimentos agroindustriais. O município também possui um setor industrial, representado pela Associação Comercial e Industrial de Mafra, com potencial de crescimento, como sinaliza a construção de uma fábrica de biodiesel pela JBS. O setor comercial é dinâmico, sendo o segundo município mais rápido do Brasil para a abertura de novas empresas, com alta regularidade de vendas ao longo do ano. O turismo em Mafra tem potencial, especialmente o turismo rural, com atrações como o Centro Paleontológico, a Antiga Estação Ferroviária, o Cine Teatro Emacite, a Usina do São Lourenço e a Feira de Artesanato.
Irmãs de Fronteira: A Ligação Histórica e Atual entre Mafra e Rio Negro
As histórias de Mafra e Rio Negro, originadas de um único núcleo populacional, estão intrinsecamente ligadas. Mafra, que já foi distrito de Rio Negro, compartilha um passado comum desde a criação do município paranaense em 1870. A Estação Mafra, de 1913, e a Ponte Metálica Dr. Diniz Assis Henning simbolizam essa unidade e desenvolvimento mútuo.
A proximidade geográfica, com áreas urbanas contíguas e a Praça Hercílio Luz em Mafra conectada a Rio Negro pela ponte, reforça essa relação. A interdependência econômica e cultural é evidente na atuação da Associação dos Italianos em ambas as cidades, no livro "Memórias e Sentimentos" e no website guiariomafra.com.br.
Apesar dos laços históricos e da proximidade, Mafra e Rio Negro são entidades administrativas distintas desde 1917, com governanças e prioridades de desenvolvimento separadas.
Vizinhos Catarinenses: As Cidades que Cercam Mafra
Localizada no planalto norte de Santa Catarina, Mafra faz fronteira com diversos municípios catarinenses, incluindo Itaiópolis, Papanduva, Rio Negrinho e São Bento do Sul. Canoinhas e Monte Castelo também estão próximos, assim como Santa Terezinha, Três Barras, Vitor Meireles, Dr. Pedrinho, José Boitex e Rio do Campo. A região geográfica imediata de Mafra abrange 10 municípios, demonstrando sua inserção em um contexto regional amplo.
Território e Natureza: A Geografia e as Curiosidades de Mafra
Mafra possui uma área territorial de 1.404,084 km², situada no planalto norte catarinense. O clima é temperado (Cfb), com verões amenos e temperatura média anual entre 16 e 17 °C. A precipitação anual varia de 1.300 a 1.500 mm. O Rio Negro e o Rio Preto são os principais cursos d'água, e os solos predominantes são Cambissolos e Argissolos. Mafra, o quarto maior município do estado em extensão territorial, possui uma extensa área agrícola e demonstra preocupação com a preservação ambiental.
Entre os fatos interessantes, Mafra faz divisa com o Paraná, com área urbana conectada à de Rio Negro. A população é formada principalmente por descendentes de imigrantes europeus, com destaque para alemães e poloneses. Mafra é conhecida pela qualidade de seu mel, e o Centro Paleontológico (CENPALEO) abriga fósseis de cerca de 300 milhões de anos. O livro "Memórias e Sentimentos" revela curiosidades sobre a região, e a cidade foi fundada em 8 de setembro de 1917, estando a uma altitude de 2.602 pés. A Universidade do Contestado está localizada em Mafra, e o folclore local inclui histórias de assombrações e criaturas míticas.
Desvendando Mafra: Um Convite à Exploração
Mafra, Santa Catarina, revela-se como uma cidade de rica história, marcada pela influência dos tropeiros e dos imigrantes europeus, e por sua ligação com Rio Negro. Sua cultura vibrante, expressa em festas, artesanato e culinária, reflete a diversidade de seus colonizadores. Com uma economia baseada na agricultura e potencial de crescimento em outros setores, Mafra é um município dinâmico. Sua localização estratégica, beleza paisagística e curiosidades históricas convidam a uma exploração aprofundada, oferecendo uma viagem fascinante pelo tempo e pela cultura do sul do Brasil.
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